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Análise Argentina

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1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB na Argentina

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O CAFIB, prestes a completar quatro décadas de trabalho ininterrupto em prol do melhoramento genético do Fila Brasileiro, continua sua expansão internacional. Depois de, no ano passado, termos fincado nossa bandeira no Uruguai e, neste ano, realizarmos análises na Alemanha, Polônia, Bélgica e Itália, comemoramos agora o início das ações de aprimoramento da raça em terras platinas. A 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB na Argentina, no dia 11 de novembro de 2017, teve como palco uma histórica fazenda na cidade de Gualeguaychú, na província de Entre Rios, assim chamada porque se situa entre os cursos do Rio Paraná e do Rio Uruguai e que, juntamente com as províncias de Missiones e Corrientes, forma a região denominada “Mesopotâmia Argentina”. É que a palavra grega Mesopotâmia - que designava a área compreendida entre os rios Tigre e Eufrates e considerada um dos berços da civilização - significa justamente “entre rios”. A cidade que sediou nosso evento deve seu nome à sua localização, na margem esquerda do Rio Gualeguaychú que é um afluente do Rio Uruguai; ela fica a cerca de 240 quilômetros ao norte de Buenos Aires e apenas a 25 quilômetros da fronteira com a República Oriental do Uruguai.

A toponímia - a parte da onomástica que estuda a origem e a evolução dos nomes de lugares - nunca é pacífica e sempre conta com várias versões. Gualeguaychú, não foge à regra e, embora a origem etimológica mais aceita para esse topônimo seja “Y yaguari guaçu”, que em guarani significa “Rio do grande jaguar”, existem outras teorias, que sugerem “Caverna do porco selvagem (ou javali)”, “Água de andar lento”, “Rio das cavernas” e “Rio dos Poços”.

A colonização européia, iniciada no século XVII, foi marcada por conflitos sangrentos com as tribos indígenas que ali viviam desde os tempos pré-hispânicos e cujos integrantes, escravizados e vítimas de campanhas de extermínio, acabaram por ser dizimados no século XVIII. A antiga cidade - fundada em 1783 com o nome de Villa San José de Gualeguaychú - hoje tem sua economia baseada na produção agropecuária (com destaque para o cultivo de soja) e no turismo (alavancado pelo Carnaval).

Na Argentina, como no Brasil, o futebol é uma paixão nacional e Buenos Aires é a cidade recordista mundial em número de estádios, com suas 18 arenas. Por lá, Diego Maradona é idolatrado e considerado o melhor jogador de todos os tempos, acima mesmo de nosso imbatível Pelé. A soma das vitórias dos platinos em Copas do Mundo, Olimpíadas, conquistas da Copa América, da Copa do Mundo Sub-20, da Taça Intercontinental e da Libertadores da América, torna o “fútbol” argentino o mais laureado do planeta. Mas, além das chuteiras e da bola, os “hermanos” também têm samba no pé e Gualeguaychú se destaca internacionalmente por cultuar outra tradição fortemente associada ao Brasil, pois se orgulha de ser considerado o promotor do terceiro maior Carnaval do mundo, atrás apenas da vice-campeã Veneza, na Itália, e, é claro, do nosso campeoníssimo Rio de Janeiro. Gualeguaychú tem o primeiro e o maior Corsódromo (equivalente ao Sambódromo brasileiro) da Argentina, inaugurado em 1997, com capacidade para 40 mil pessoas. É considerado um local de culto, como se fosse um templo sagrado, e constitui o palco do maior espetáculo a céu aberto daquele país.

No melhoramento genético de animais domésticos é preciso ressaltar a importância da grande mostra agropecuária de Palermo, ou Exposición Rural de Ganadería, Agricultura e Indústria Internacional, organizada pela Sociedad Rural Argentina em Buenos Aires, tradicionalmente inaugurada pelo Presidente da República, neste ano de 2017 comemorando sua 131ª edição; e, também, a formação da raça dos cavalos de hipismo chamados de Anglo-argentinos (ou simplesmente Argentinos) e a criação de excelentes equinos para o jogo de pólo, esporte no qual eles se orgulham de contar com os melhores jogadores e as melhores equipes do mundo.

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No âmbito cinófilo, uma curiosidade comum em diversas cidades argentinas, principalmente em Buenos Aires, é o grande número de profissionais chamados de “pasea perros”, ou passeadores de cães.  Eles precisam obter a credencial certificatória que os habilita a exercer a atividade, válida por um ano, emitida pela APRA (Agencia de Protección Ambiental) e, evidentemente, pagar a tarifa correspondente. Esses pitorescos personagens, que podem ser vistos pelas calçadas e praças conduzindo até 20 cães, devem ser cuidadosos, conhecer o nome de cada animal, ter habilidade para evitar brigas entre eles e, também, para não deixar que as guias se enredem por entre até 80 patas (além das duas pernas do passeador).

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A 45 km ao sul de Gualeguaychú, a secular Estância La Nélida, que sediou esta 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB na Argentina, pertence, desde 1880, à família Irigoyen e, como a sede, rodeada por grandes árvores muito antigas, conserva a mobília e os adornos originais, ao entrar no casarão, temos a impressão de dar um mergulho no passado. Ramiro Irigoyen, que hoje administra a propriedade, é um apaixonado pelo Fila Brasileiro e pelo Carnaval do Rio de Janeiro, tendo, juntamente com seu irmão Martin Irigoyen, por diversas vezes vindo ao Brasil para participar dos desfiles na Avenida. Pelos 800 hectares da fazenda estendem-se lavouras de soja, milho, trigo e sorgo, além das férteis pastagens - que já abrigaram dezenas de cavalos de pólo, esporte em que Martin se destacou -, e onde hoje são criados bovinos das raças Angus, Brangus e Hereford, além de equinos das raças Criollo e Caballo Peruano de Paso.

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Nessa típica propriedade rural também está instalado o canil Litoral Ñaró, formado a partir de uma sociedade entre Ramiro Irigoyen e Lucas Quinteiro. Esses dois criadores tinham iniciado seus trabalhos com o que pensavam ser o Fila Brasileiro, há cerca de 15 anos, em seus canis Morada Yagua e Belleza Rara. Com o tempo, foram se inteirando dos problemas que a raça sofreu em decorrência da mestiçagem e da falsificação de pedigrees e resolveram recomeçar da estaca zero, para criar o verdadeiro Fila Brasileiro, de acordo com a filosofia do CAFIB. E agora deram um grande passo no melhoramento genético do plantel argentino com a realização desta Análise de Fenótipo e Temperamento.

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O evento foi organizado por Ramiro Irigoyen, Lucas Quinteiro, Zenón Gustavo Cousillas e pelo uruguaio Daniel Balsas. No ano passado, Ramiro e Lucas tinham comparecido à 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB no Uruguai, organizada por Daniel, em Canelones, a poucos quilômetros de Montevidéu. Neste ano, em terras platinas, além dos organizadores, participaram também expositores de Buenos Aires, Wheelwright, Concepción del Uruguay e Luján. Foram inscritos 26 exemplares, mas três não puderam comparecer; e, dos 23 analisados, seis foram reprovados por faltas de temperamento. A inscrição e a avaliação dos exemplares foram conduzidas pelos juízes Mariana Campbell, Jonas Tadeu Iacovantuono, Giovani Éder de Carvalho e Américo Cardoso dos Santos Jr., acompanhado de sua mulher, Cleide Cocito Cardoso dos Santos, que atuou nos trabalhos de secretaria. Depois de avaliado o plantel, foram escolhidos o Melhor Macho e a Melhor Fêmea da Análise, respectivamente: Faraon do Borguetto, de Mariano Arbiza (Concepción del Uruguay) e Saga Piedras de Afilar, de Rivero Daniel Alberto (Wheelwright), ambos da Argentina.

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Para encerrar, os organizadores entregaram uma bela placa aos juízes do CAFIB, agradecendo a presença no evento e o forte comprometimento com o melhoramento genético do autêntico Fila Brasileiro. E, à noite, arremataram com um lauto jantar, que honrou a fama da culinária platina. Vale lembrar que a Argentina produz e exporta o melhor doce de leite do mundo, além de reivindicar a invenção dessa iguaria; mas os doces mais tradicionais do país são os alfajores, produzidos a partir de diversas receitas, por mais de 100 marcas comerciais e cujo consumo ali alcança a impressionante marca de seis milhões de unidades por dia. Aliás, diversos pratos argentinos podem ser preparados de inúmeras maneiras específicas, como o matambre (do espanhol: “mata hambre”, ou mata a fome), que é uma manta de carne retirada da região da costela e temperada e recheada segundo diferentes fórmulas, com frios, embutidos, queijo, cebola, pimentão, ovos cozidos etc.; ou o chimichurri, tradicional molho, que acompanha a carne ou pode ser saboreado com pães, feito com azeite, orégano, alho, pimenta vermelha, pimenta do reino e diversas outras especiarias.

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Esse farto churrasco, que nos serviram naquela noite, foi uma deliciosa carne gorda, assada na brasa, magistralmente preparada por Zenón, que já havia demonstrado seus notáveis dotes culinários na véspera, quando nos servira um “guiso criollo”, prato típico, também produzido a partir das mais variadas formulações, combinando diferentes tipos de carne, lingüiças, tubérculos, feijão, lentilha e muito mais.

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O CAFIB agradece a todos que, de alguma forma, contribuíram para o sucesso do evento: Ramiro Irigoyen e Lucas Quinteiro (Canil Litoral Ñaró), Daniel Balsas (Canil Piedras de Afilar), Mariano Arbiza (Canil do Bemba), Carlos Schor (Canil Fazenda Naon), Daniel Rivero (Canil Llano Bravo), Zenón Cousillas, Agustina Dellacasa, Patrício Claypole, Mauro Auriti. E os organizadores destacam seus agradecimentos ao médico veterinário Gustavo La Rosa, ao figurante Manuel Alvarez, ao distribuidor das rações Old Prince, Francisco Albonico, e à empresa Porco Magro.

Com este evento, o CAFIB, prestes a fechar seu Calendário 2017, contabiliza 44 cães analisados em cinco países: Polônia, Alemanha, Itália, Bélgica e Argentina, além, é claro, das costumeiras Análises de Fenótipo e Temperamento realizadas no Brasil.

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