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Circular Expo Três Corações 2017

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Mais um grande sucesso CAFIB!

expo três corações

Em textos referentes às outras Análises e Exposições do Fila Brasileiro em Três Corações (MG), já mencionamos a importância do sul do estado mineiro na formação de expressivas raças de animais domésticos, como o gado bovino Caracu e o cavalo Mangalarga Marchador, além, é claro, do Cão Fila Brasileiro. Ainda no âmbito da formação de raças equinas brasileiras, vale lembrar que, perto dali, em Entre Rios de Minas, foi constituída a raça Campolina, fruto da seleção iniciada por Cassiano Campolina (1836-1904) e aprimorada por Joaquim Pacheco de Resende e pelo Coronel Gabriel de Andrade, cuja entidade oficial, a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina (ABCCC), fundada em 1951, está sediada em Belo Horizonte.

Também tem se tornado praxe, nestas circulares, comentarmos curiosidades e fatos pitorescos sobre a região em que o evento é realizado. O grande impulso para o desenvolvimento de Três Corações é atribuído à visita da família real (Dom Pedro II e comitiva), em 1884, para soar o primeiro apito da locomotiva da então “Minas and Rio Railway”, companhia com sede em Londres, capital inglesa, na ocasião da inauguração da Estrada de Ferro Minas-Rio, ou Estrada de Ferro do Rio Verde, ligando Cruzeiro (SP) a então chamada Três Corações do Rio Verde (MG). No ano anterior, acompanhado pela Imperatriz Tereza Cristina, pela Princesa Isabel, pelo Conde D’Eu, por seus netos (filhos da Princesa Dona Leopoldina), além de numerosos políticos e autoridades do Império, Dom Pedro II já havia inaugurado o Túnel da Mantiqueira, considerado um dos pontos cruciais da ferrovia.

Esta área do Sul de Minas, que inclui as cidades de Varginha, Três Corações, Itanhandu, Lavras, Elói Mendes, Carmo da Cachoeira, São Thomé das Letras e tantas outras - percorrida, nos anos 1940 pelo advogado Paulo Santos Cruz e, a partir do fim da década de 1970, por nós do CAFIB, com o objetivo de garimpar exemplares de antigas linhagens do Fila Brasileiro -, poderia ser chamada de “Polígono do Fila” e é pródiga em histórias curiosas.

Diversas regiões do mundo são envolvidas por uma aura mística e foram palco de mistérios até hoje inexplicáveis. Um dos exemplos mais emblemáticos é o do chamado “Triângulo das Bermudas”, uma área do Oceano Atlântico entre as Ilhas Bermudas, Flórida e Porto Rico, onde já desapareceram diversos aviões e navios. Os céticos atribuem esses desaparecimentos a fenômenos climáticos e causas naturais; alguns estudiosos responsabilizam as emissões de gás metano do fundo dos oceanos ou a presença de estranhos campos magnéticos; e, evidentemente, os mais fantasiosos encontram explicações nas atividades de extraterrestres, nos efeitos de cristais do reino da Atlântida e em transposições para outras dimensões. Mas o mistério continua.

Nesse local, que chamei de “Polígono do Fila”, destaca-se a cidade de Varginha, berço dos primeiros Filas adquiridos por Paulo Santos Cruz há tantas décadas. No âmbito místico, o pacato município tornou-se internacionalmente conhecido a partir de 1996, quando três meninas afirmaram ter visto um estranho ser de outro mundo, baixinho, de olhos vermelhos e com protuberâncias na cabeça. Daí em diante, foram crescendo os relatos sobre a aparição de criaturas esquisitas, objetos voadores não identificados e mortes misteriosas na região, notícias que passaram a ser amplamente divulgadas por publicações ufológicas de diversos países. Naquele mesmo ano, um piloto paulista relatou ter visto a queda de algo semelhante a uma nave espacial em algum ponto entre Varginha e Três Corações. Ao tentar averiguar, admirou-se por constatar que os destroços do objeto já estavam cercados por integrantes do Exército e da Polícia Militar que, rispidamente, o teriam mandado embora dali. Na mesma época, o Corpo de Bombeiros de Varginha recebeu diversas chamadas telefônicas de pessoas assustadas com a presença de um “animal estranho” rondando uma área de mata. Várias testemunhas afirmam ter visto a chegada, ao local, de um caminhão da Escola de Sargento das Armas (EsSA) de Três Corações, de onde saíram vários militares armados com fuzis, que entraram na densa vegetação. Pouco depois, ouviu-se o barulho de tiros e, em seguida, os soldados saíram da mata carregando alguns sacos grandes, dentro dos quais algo ainda se mexia. Essa carga foi colocada no caminhão, que partiu para destino desconhecido. Pouco tempo depois, o Zoológico de Varginha registrou algumas mortes estranhas de animais. Os técnicos realizaram a necropsia e enviaram amostras de material para Belo Horizonte, onde um laboratório acusou a presença de substância tóxico-cáustica não identificada.

Como o município explora com bom humor seus mistérios ufológicos, estátuas representando ETs estão dispostas em logradouros públicos. Ao lado de uma delas, no centro da cidade, em 2001, foi inaugurada uma enorme caixa d’água em formato de disco voador. O site de uma revista de turismo considerou-a o 2º monumento mais feio do Brasil, atrás apenas da horrenda estátua do bandeirante Borba Gato, no bairro paulistano de Santo Amaro. Em 2008, a Secretaria de Turismo de Varginha elaborou o projeto de um monumento chamado “Memorial do ET”, cujo orçamento ultrapassava R$ 1 milhão, com objetivo de ali constituir um grande museu ufológico (e cuja inauguração, inúmeras vezes adiada, tornou-se uma verdadeira novela). Ao lado, foi instalada uma estrutura metálica com 13 metros de altura, em formato de foguete, que, na verdade, é uma caixa d’água com capacidade para 20 mil litros, destinada a abastecer o memorial.

Os místicos e esotéricos acreditam que as cidades do Sul de Minas, especialmente as vizinhas à Serra da Mantiqueira, representam o núcleo cósmico do planeta, de onde se abrem as portas para a Era de Aquário, que é o início de uma nova civilização, livre de misérias materiais e morais. Eles consideram sagradas Aiuruoca, Carmo de Minas, Conceição do Rio Verde, Itanhandu, Maria da Fé, Pouso Alto e São Thomé das Letras, afirmando que esses sete municípios constituem os sete chakras (ou lugares de poder, ou centros magnéticos, ou vórtices energéticos da Terra) que sintetizam suas vibrações em São Lourenço, a cidade das águas medicinais e “Capital Espiritual do Novo Milênio”. Por isso, em São Lourenço foi instalada a sede da Sociedade Teosófica Brasileira - atual Sociedade Brasileira de Eubiose -, que se dedica ao estudo do ocultismo, das atividades cabalísticas e das diversas religiões, principalmente o espiritismo. Os teósofos, ou eubióticos, consideram que São Lourenço será o berço do Avatar Maytrea, uma síntese dos sete avatares precedentes, dos quais o último tinha sido Yehoshua Ben Pandira (chamado pelos católicos de Jesus Cristo e, pelos judeus, de Messias).

Entre essas cidades, o grande destaque é São Thomé das Letras, fundada pelo imigrante português João Francisco Junqueira (1727-1819), nascido em Garrida, na Freguesia de Junqueira, Vila do Conde, e que, tendo chegado ao Brasil por volta de 1750, se radicou na Fazenda Campo Alegre, às margens do Rio Verde, distrito de Encruzilhada, hoje Cruzília. O sétimo de seus onze filhos, Gabriel Francisco Junqueira (1782-1868), que herdou a sede da Campo Alegre, era um aristocrata extremamente culto e elegante, tendo recebido de Dom Pedro II o título nobiliárquico de Barão de Alfenas. A ele se deve a formação da raça de cavalos Mangalarga Marchador e, quando faleceu, foi sepultado, como seu pai, em São Thomé das Letras, em uma cripta debaixo do altar da Igreja Matriz de São Thomé Apóstolo - erigida em 1785, e com pinturas atribuídas ao habilíssimo artista Joaquim José da Natividade, mestre pintor do período do rococó mineiro e discípulo de Antônio Francisco Lisboa, o conhecido “Aleijadinho” (1730-1814) -, no local em que João Francisco, anos antes, havia construído uma capela.

expo três corações

Segundo a lenda, na Fazenda Campo Alegre, o escravo João Antão teria se apaixonado pela filha do patrão e, temendo ser morto por isso, fugiu da propriedade e passou a viver escondido em uma das muitas grutas existentes na região, alimentando-se de frutas silvestres, caça e pesca. Um dia, ao acordar, deparou-se com um velho muito bem apessoado, vestido de branco e envolto por forte luminosidade, a quem o escravo contou a história de sua fuga. A aparição, então, entregou-lhe um envelope, ordenando-lhe que o levasse ao patrão, que iria perdoá-lo e conceder-lhe a carta de alforria. Acatando imediatamente a ordem, João Antão levou a correspondência ao Barão, que, ao lê-la, ficou muito impressionado com a qualidade do papel, a correção do estilo e a elegância da letra, o que o levou a perdoar o fugitivo e organizar uma visita à gruta. Lá chegando, encontrou apenas uma escultura de madeira representando o apóstolo São Thomé, que ele levou para casa. Pouco depois, a estátua sumiu da fazenda e reapareceu na gruta, fenômeno que se repetiu várias vezes, até que a mulher do Barão pediu-lhe para construir uma capela no local para abrigar e cultuar o santo.

Em São Thomé das Letras, o visitante é logo envolvido pelo ambiente místico decorrente também da presença de numerosas comunidades alternativas e de uma representação da ordem da eubiose. A cidade é sede da Fundação Harmonia de Artes e Conhecimentos Transcendentais, que proporciona terapias holísticas e oferece atendimentos em Leitura de Runas, Cromoterapia, Cristaloterapia, Passe Xamânico, Reiki, Karuna Reiki, Reinbow Reiki, Radiestesia e Radiônica, sob a alegação de trabalhar em prol da expansão consciencial planetária, vivenciando uma proposta ecumênica pautada pelo existencialismo (?! seja lá o que isso signifique?!).

Entre as diversas atrações misteriosas da cidade destacam-se a Gruta do Carimbado, já visitada por técnicos, pesquisadores e emissoras de televisão, que tentaram explorá-la até o final, mas nunca conseguiram percorrer mais de 15 quilômetros de seu interior, pois o ar rarefeito e a alta temperatura do local impossibilitaram o prosseguimento dessas excursões. Muitos acreditam tratar-se de uma passagem subterrânea aberta por integrantes de civilizações do passado, como a dos Incas, que teriam descoberto, por meio de mapeamento astral, a cidade de São Thomé das Letras. O túnel seria uma ligação entre a cidade mineira e a pré-colombiana Machu Picchu, no Peru, a 4 mil quilômetros de distância e explicaria o misterioso desaparecimento desse antigo povo andino. Alguns afirmam que o local é um portal de acesso a outras dimensões e também há os que atribuem a execução do caminho subterrâneo aos evoluídos moradores de uma comunidade intra-terrena.

Uma das conhecidas lendas locais refere-se a uma cobra enorme, dotada de bico e crista, que canta como um galo ao alvorecer e se ergue como as najas para dar o bote nas vítimas. Mas, talvez, o mistério mais popular seja o da famosa Ladeira do Amendoim, onde os automóveis desbrecados, ao invés de despencar morro abaixo, escorregam para cima, como se ali a força da gravidade estivesse invertida.

Assim como em Varginha, os moradores de São Thomé das Letras demonstram bom humor em relação ao misticismo e, à porta de algumas das numerosas lojas de artigos esotéricos - repletas de enorme variedade de esculturas e pinturas de mandalas, elfos, gnomos, magos e bruxas -, podem ser vistas placas com dizeres espirituosos, como: “Estacione aqui seu disco voador”.

expo três corações

Talvez, na verdade, também tenha vindo de outro mundo (ou assimilado uma overdose de energia cósmica) um menino de família pobre, oficialmente nascido em Três Corações, no ano de 1940, batizado como Édson Arantes do Nascimento e celebrizado em todo o planeta com o singelo apelido de Pelé. Considerado o maior futebolista da história, não caberia neste texto uma relação de suas façanhas; mas vale relembrar que o fantástico jogador apresentava extraordinária superioridade técnica, física, tática e intuitiva, com capacidade pulmonar muito acima da média, aliada a impressionante massa muscular, o que lhe permitia atingir velocidade e impulsão fora do comum, demonstrando incrível precisão de chutes e de passes, com os dois pés, pois era ambidestro, além de notável habilidade para driblar e cabecear. Exaustivamente estudado por preparadores físicos, médicos e fisioterapeutas, constatou-se que os índices alcançados por Pelé, em diversas modalidades atléticas, ficavam perto dos recordes mundiais. Ele corria 100 metros em 11 segundos, saltava 1,80 metro em altura, 6,50 metros em distância e, embora fosse de estatura mediana (1,73m), seu salto vertical era equivalente ao do gigante Michael Jordan (1,98m), pois ambos despregavam os pés do chão a uma distância de 48 polegadas, ou 121,92 cm. Shep Messing, goleiro do New York Cosmos nos anos 1970, e hoje comentarista esportivo, foi companheiro de equipe de Pelé e afirma, perplexo, que ele, “como atleta, era uma aberração fisiológica”. O próprio Pelé acreditava que seu principal diferencial era a visão periférica, que lhe permitia antever o que os adversários iriam fazer e, consequentemente, antecipar suas decisões. Seu campo de visão abarcava um incrível raio de 220 graus, proporcionando-lhe, assim, a capacidade de enxergar praticamente tudo o que se passava a seu redor, até quase por trás da cabeça.

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Depois deste já longo preâmbulo, permito-me voltar à 3ª Exposição do Fila Brasileiro, promovida pelo CAFIB em Três Corações, em 27 de agosto de 2017, no Parque de Exposições Vale do Rio Verde. O evento foi organizado pelos criadores Átila Luís Branquinho Dias (Canil Barão dos Filas), Marcus Flávio Vilas Boas Moreira (Canil Guardiães do Caracu) e Pedro Yuri Ramos Avelar da Silva (Canil do Pyra). Como de praxe, os trabalhos foram iniciados de manhã, com a realização da Análise de Fenótipo e Temperamento, a qual compareceram sete cães, avaliados pelos juízes Airton Campbell (São Paulo, SP), Giovani Éder de Carvalho (Aparecida, SP), Luciano José de Almeida Gavião (Descalvado, SP), Marcus Flávio Vilas Boas Moreira (Belo Horizonte, MG), Mariana Campbell (São Paulo, SP) e Pedro Carlos Borotti (Porto Ferreira, SP). Dos sete analisados, cinco foram aprovados e dois, reprovados por apresentarem reação desqualificante na prova de temperamento. Na Exposição, que contou com 42 exemplares em pista, os machos foram julgados por Fabiano Gonçalves Nunes (Guaratinguetá, SP) e as fêmeas, por Américo Cardoso dos Santos Jr. (Vargem Grande Paulista, SP). Os trabalhos de secretaria ficaram a cargo de Cleide Maria Cocito Cardoso dos Santos, Denise Gavião e Mariana Campbell. O veterinário responsável foi Luciano Gavião e as provas para avaliação de temperamento e sistema nervoso foram desempenhadas pelo competente “cobaia” Hélder José Rodrigues.

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A mostra foi prestigiada por criadores, expositores e aficionados do Fila Brasileiro provenientes das cidades paulistas de Aparecida, Biritiba Mirim, Descalvado, Guaratinguetá, Jacareí, Porto Ferreira, São Paulo e Vargem Grande Paulista; e das mineiras, além da própria cidade de Três Corações, também de Aiuruoca, Belo Horizonte, Boa Esperança, Campo Belo, Conceição do Rio Verde, Contagem, Formiga, Igaratinga, Itanhandu, Nepomuceno, Nova Serrana e São Gonçalo do Pará.

Nesta 3ª Exposição do Fila Brasileiro em Três Corações, dos 42 Filas em pista, 7 eram de pelagem tigrada (16,6%). Há alguns anos, desde o início desta década, essa coloração foi se tornando cada vez mais rara e, em algumas exposições já não se via mais nenhum exemplar tigrado. Com objetivo de incentivar a participação de cães com essa pelagem, e até evitar sua extinção, em 2015, durante a 100ª Exposição Nacional do CAFIB, em Guaratinguetá (SP), por sugestão de nosso juiz honoris causa, Francisco Peltier de Queiroz, premiamos o Melhor Tigrado da Exposição com o Troféu Cafibra, nome do canil registrado por ele, em 1974, no então BKC. Em virtude da excelente repercussão dessa iniciativa, a partir de 2016, a escolha dos melhores tigrados - com menos de 1 ano e com mais de 1 ano - tornou-se permanente e o prêmio passou a se chamar Troféu Chico Peltier.

O CAFIB agradece a prefeitura do Município de Três Corações, que por intemédio do prefeito Claudio Cosme Pereira de Souza, cedeu o Parque de Exposições, para realização de mais este evento da raça Fila Brasileiro.

As principais premiações desta mostra foram:

  • MELHOR MACHO: Sultão Recanto do Livramento, de Felício Unello (Biritiba Mirim, SP)
  • MELHOR FÊMEA: Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires (Jacareí, SP)
  • MELHOR TEMPERAMENTO: Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires (Jacareí, SP)
  • MELHOR CABEÇA: Bela do Itanhandu, de Cíntia e Gérson Junqueira de Barros (Itanhandu, MG)
  • MELHOR TIGRADO (mais de 1 ano): Samba IV Guardiães do Caracu, de Átila Luís Branquinho Dias (Três Corações, MG)
  • MELHOR TIGRADO (menos de 1 ano): Quizar Recanto do Livramento, de José Wilson Vilela (Campo Belo, MG)

O resultado completo da 3ª Exposição do Fila Brasileiro em Três Corações pode ser acessado no site do CAFIB, www.cafibbrasil.com

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