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Guaratinguetá 2023

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115ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro CAFIB

35ª Exposição do Fila Brasileiro do CAFIB em Guaratinguetá

Américo Cardoso dos Santos Júnior

Na região paulista do Vale do Paraíba, a histórica Estância Turística de Guaratinguetá tem forte destaque na história recente do Fila Brasileiro e do CAFIB. Seu Recinto de Exposições Manoel Soares de Azevedo (junto ao Kartódromo Internacional de Guaratinguetá) é tradicionalmente utilizado para festas, os maiores espetáculos musicais da região e exposições agropecuárias. Conta com excelentes instalações, dispondo de baias fechadas para os cães ao lado de enormes pavilhões cobertos constituindo ótima pista de julgamento, ao abrigo do sol forte e da chuva e, também, com estacionamento sombreado para os automóveis dos expositores e visitantes. Outra vantagem desse parque é sua localização privilegiada, às margens da Rodovia Presidente Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro, além de próxima do Sul de Minas Gerais, berço da raça Fila Brasileiro. Por ser a cidade que mais sediou nossas Análises e Exposições ao longo destes 45 anos, vale relembrar – principalmente para os criadores mais novos –  alguns dados curiosos e históricos de Guaratinguetá já relatados em outras ocasiões.

Fundada no século XVII, tornou-se bastante conhecida por ter sido palco de uma das mais tradicionais histórias do catolicismo brasileiro, quando em 1717, a população da Villa de Guaratinguetá resolveu promover uma comemoração em homenagem à visita da comitiva de Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar e governador da enorme Capitania de São Paulo e Minas de Ouro (que incluia os atuais estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso). Para abastecer o cardápio da festa, os pescadores da vila embarcaram em suas canoas e seguiram pelo Rio Paraíba do Sul para lançar suas redes, mas, como não estavam na temporada de pesca, eles, antes, dirigiram suas orações a Deus e à Virgem Maria. Depois de terem recolhido suas redes várias vezes das águas, sem apanhar um peixe sequer, um deles, já quase desistindo da pescaria, fez uma última tentativa e trouxe, emaranhada nas malhas, uma imagem do corpo de Nossa Senhora, da qual faltava a cabeça. Ao jogar a rede novamente, “pescou” a cabeça faltante, escura, encardida de lodo e, a partir daí, os ribeirinhos apanharam tal volume de peixes que o peso da coleta ameaçava afundar as canoas. Ao longo dos anos seguintes, a santa “aparecida” nas águas foi mantida na casa de um desses pescadores, local logo tornado foco da peregrinação de muitos fiéis da região e de onde a fama dos milagres ali realizados foi se espalhando para todo o País. Vale lembrar que essa “Madona Negra” – símbolo da mistura racial que compõe a população brasileira – surgiu na época do auge da escravidão no Brasil.

Fervorosamente reverenciada por seus poderes, com o incessante aumento de visitantes, a imagem precisou ser transferida, da casa do pescador que a encontrara, para um oratório e depois para uma capela, que, segundo alguns relatos, foi visitada até pelo então Príncipe Regente do Brasil, Dom Pedro I. Aliás, a enorme repercussão dos milagres de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tirou de São Pedro de Alcântara o título de “Padroeiro do Brasil”, outorgado pelo Papa Leão XII a pedido do imperador, xará do santo. Já a santa, coroada em nome do Papa Pio X, por decreto da Santa Sé em 1904, foi proclamada “Rainha do Brasil” em 1930, por decreto do Papa Pio XI. No ano seguinte, o então Presidente da República, Getúlio Vargas, a declarou oficialmente “Padroeira do Brasil”. Da antiga capela, a imagem fora novamente transferida, agora para uma igreja grande (hoje chamada de Basílica Velha) inaugurada em 1888 e visitada duas vezes pela Princesa Isabel, que levou para Nossa Senhora Aparecida um manto bordado e uma coroa de ouro, adornados com pedras preciosas. Em 1928, a vila construída ao redor da igreja emancipou-se de Guaratinguetá e passou a constituir o município de Aparecida. Já na segunda metade do século XX, devido ao número crescente de fiéis foi erigida a impressionante Catedral Basílica Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, com mais de 140 mil m² de área construída. O gigantesco edifício em forma de cruz grega, projetado pelo arquiteto Benedito Calixto, é capaz de abrigar 45 mil pessoas, dispõe de um estacionamento para 4 mil ônibus e 6 mil automóveis e recebe mais de 12 milhões de romeiros por ano. Esses fiéis chegam dos mais diversos locais de origem, ao maior centro de peregrinação religiosa da América Latina, percorrendo grandes distâncias a pé, a cavalo, de bicicleta, ônibus, trem e automóvel.

Em 1980, ainda em construção, a Basílica foi consagrada pelo Papa João Paulo II, mesmo ano em que a República Federativa do Brasil decretou feriado nacional o dia 12 de Outubro, oficialmente dedicado à devoção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, data em que a esse local costumam acorrer mais de 160 mil fiéis. E o Santuário já recebeu duas vezes a “Rosa de Ouro”, uma das mais antigas condecorações papais, outorgada por Paulo VI, em 1967, e por Bento XVI, em 2007, além de ter sido também visitado pelo Papa Francisco, em 2013. É o maior templo católico do Brasil e o segundo do mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro, no Vaticano.          

Envolta em intensa aura religiosa, a cidade de Guaratinguetá, além de berço da Padroeira, também é a terra natal do primeiro santo católico brasileiro, Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, nascido em 1739 e canonizado pelo Papa Bento XVI em 2007. Para completar, o município ainda abriga a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, construída em 1921 pelo Monsenhor João Filippo que viajou à França, para recolher algumas pedras da Gruta de Massabielle, na pequena vila de Lourdes, onde a Virgem Maria apareceu, pela primeira vez, em 1858, à Bernadette Soubirous. Ela era uma camponesa de 14 anos, depois canonizada como Santa Bernadette e, no local da aparição, em 1876, foi edificada a Basílica de Lourdes, já visitada por diversos Papas e, todos os anos, por milhões de peregrinos.

A Estância Turística de Guaratinguetá, município mais antigo do Vale do Paraíba, deve seu nome à grande quantidade de garças ali existentes, pois etimologicamente essa palavra, na língua Tupi, significa “muitos pássaros brancos” (de: gûyrá – pássaro, tinga – branco e etá – muitos). Ao longo de sua existência, a cidade recebeu diversos apelidos, como “Garça do Vale”, “Capital do Fundo do Vale”, “Atenas do Vale do Paraíba” e “Capital Mariana da Fé”. Mas também poderia ser considerada a “Capital do Fila Brasileiro” por sua intensa atuação em prol da raça. Esse município tem sido, tradicionalmente, palco do encerramento das atividades anuais do CAFIB - Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro, que, além de fechar nosso calendário, também celebra a entrega dos títulos aos campeões do ano nas diversas categorias. Foi ali que, quinze anos atrás, durante a comemoração do 30º aniversário do CAFIB, a médica veterinária Mariana Campbell, hoje presidente do Clube, concluiu seu processo para integrar nosso quadro de juízes. Naquela mesma ocasião, durante a ExpoGuará 2008, também homenageamos, com placas comemorativas, três jornalistas muito importantes na divulgação do trabalho do CAFIB e na preservação da pureza da raça: Antônio Carvalho Mendes, que escrevia sobre cinofilia em vários órgãos de imprensa, como a tradicional “Revista dos Criadores” e, principalmente, o jornal “O Estado de São Paulo”, em cuja sala de redação nasceu o CAFIB; Paulo Roberto Godinho, “handler”, juiz, articulista cinófilo e autor de diversos livros sobre cães; e Luiz Antônio Maciel, diretor do CAFIB desde sua fundação, e integrante de nosso quadro de árbitros, com experiência internacional, além de vasta atuação profissional nos mais importantes jornais e revistas do País e de ter sido o grande responsável pela publicação dos 42 números do boletim “O Fila”. 

Nesse mesmo local, em 2015, durante a 30ª Exposição do Fila Brasileiro de Guaratinguetá, celebramos a marca histórica de nossa 100ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro do CAFIB, na qual homenageamos o juiz, criador, fundador e presidente do CAFIB Recife, editor do jornal "O FIBRA", advogado e professor de direito tributário Dr. José Souto Maior Borges e, mais uma vez, Paulo Roberto Godinho, que, em 2013 havia lançado seu livro mais importante, o excelente “Fila Brasileiro – Um presente das estrelas”.  E foi também ali que, em 2018, encerramos as comemorações pelo nosso 40º aniversário.

Outra novidade, ainda em Guaratinguetá, foi a instituição do Troféu Cafibra, criado por Chico Peltier, com o nome de seu antigo canil, para premiar o Melhor Tigrado da Exposição em duas categorias: com menos de 1 ano e com mais de 1 ano de idade. Esse prêmio, tem como objetivo estimular a criação de Filas com essa coloração de pelagem, que ia se tornando mais rara nas pistas.

Guaratinguetá, que, normalmente, sedia a mostra de encerramento do Calendário Anual de Exposições do CAFIB, neste ano foi escolhida como palco de nosso primeiro evento em 2023, aberto no dia 1º de abril com uma reunião de juízes no tradicional Paturi Hotel. No dia seguinte, no Recinto de Exposições Manoel Soares de Azevedo, as atividades foram iniciadas com a entrega de belas medalhas comemorativas pelos 45 anos de atuação do CAFIB. Elas foram confeccionadas (assim como os troféus) pela nossa Diretora de Divulgação Cíntia Mota Mendes Junqueira de Barros e entrgues a criadores de diversas regiões do Brasil: Benjamin Möck (Campo Grande, MS), Fernando Durão (Linhares, ES), Marcos Melo (Governador Valadares, MG), Cláudio Rufino (Caeté, MG), Lucas Vitorino (Rio de Janeiro, RJ), Carlos Sanches (Guararema, SP) e Adriano Constantino (São Paulo, SP). Na sequência, como de costume, foi realizada a Análise de Fenótipo e Temperamento,  em que 12 exemplares foram avaliados, sendo 8 aprovados e 4 reprovados (três por sistema nervoso fraco e um por atipicidade). E, em seguida, iniciamos a 115ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro CAFIB e 35ª Exposição do Fila Brasileiro CAFIB em Guaratinguetá. Os machos foram julgados por Giovani Éder de Carvalho (Aparecida, SP) e as fêmeas por Joaquim Liberato Barroso (Valença, RJ), que, nessa ocasião, fez sua estreia como juiz do CAFIB.

Com 39 inscrições e 32 cães em pista, os principais resultados foram:

MELHOR MACHO: Ay-moré Barão dos Filas, de Átila Branquinho Dias (Três Corações, MG)

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MELHOR FÊMEA: Buana Recanto do Livramento, de Fernando Durão (Linhares, ES)

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MELHOR CABEÇA: Ay-moré Barão dos Filas, de Átila Branquinho Dias (Três Corações, MG)

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MELHOR TEMPERAMENTO: Logan Jardim da Lapa, de Marcos Abrão Borges de Melo (Governador Valadares, MG)

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Neste registro, é preciso relacionar os nomes de todos os que nos prestigiaram com sua presença e, de alguma forma, contribuíram para a realização e o sucesso deste grande evento que abre o Calendário 2023:

ORGANIZADOR: Jonas Tadeu Iacovantuono, Giovani Éder de Carvalho e Fabiano Gonçalves Nunes.

JUÍZES DA EXPOSIÇÃO: Giovani Éder de Carvalho e Joaquim Liberato Barroso

JUÍZES AUXILIARES: Américo Cardoso dos Santos Jr., Mariana Campbell, Jonas Tadeu Iacovantuono, Fabiano Nunes e Beth Hino

VETERINÁRIA RESPONSÁVEL: Mariana Campbell

SECRETÁRIA: Cleide M. Cocito Cardoso dos Santos e Mariana Campbell

FOTOGRAFIAS: Beth Hino e Cíntia M. M. Junqueira de Barros

FIGURANTES: Haroldo Mosqueira (Caxambu, MG) e Gabrel Mafra Siqueira (Itanhandu, MG)

Também é importante ressaltar os agradecimentos do CAFIB à Prefeitura Municipal de Guaratinguetá, especialmente a Marcos Martinelli, Secretario Municipal de Agricultura pela cessão do Recinto, a José Luiz Barbosa, administrador do Parque e sua equipe de manutenção, ao eficiente Benedito (Benê) José de Lima Neto pelo apoio e assistência geral, além do tradicional trio da lanchonete Benedito Santos Alves de Oliveira (o conhecido “Dito Pelé”), Henriqueta Maria Alves de Oliveira e Douglas Henrique Alves de Oliveira. Benedito, por considerar muito comum seu apelido “Pelé”, na época em que teve um bar no bairro de Pedreira, para se diferenciar dos demais, resolveu passar a ser chamado de “Dito Pelé”, como até hoje é conhecido por onde anda. Estes três, que em 2006 foram eleitos os Reis da Festa de São Benedito, vêm realizando, desde 2008, um já tradicional “café comunitário”, com material arrecadado em diversos eventos promovidos ao longo do ano, e que atende de 1.500 a 2.000 pessoas. Ele é servido ao lado da Igreja Puríssimo Coração de Maria, inaugurada em 1924, perto da já mencionada Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, considerada uma das sete maravilhas da cidade. Ela foi construída em 1921 pelo Monsenhor João Filippo que, para isso, viajou à França, de onde trouxe algumas pedras da Gruta de Massabielle, na cidade de Lourdes, local em que Nossa Senhora apareceu em 1858 à Santa Bernadette. Uma lenda bem conhecida na região conta que, durante uma forte tempestade, um raio que ia cair sobre o Orfanato Nossa Senhora de Lourdes teve sua direção alterada para a mão da estátua da Santa, impedindo que os órfãos fossem atingidos. Essa Gruta de Nossa Senhora de Lourdes é uma das tradicionais sete maravilhas de Guaratinguetá, que, na verdade, acabaram se tornando oito, porque uma foi acrescentada depois. A oitava, também de cunho religioso, é a Cavalaria de São Gonçalo e São Benedito, uma das primeiras procissões a cavalo no Brasil, tradição iniciada em 1768, na época com grande participação de negros escravos e que hoje chega a reunir mais de 2 mil cavaleiros. Com início no Domingo de Páscoa, a partir dos anos 1970, a procissão passou a contar com a presença de mulheres. Hoje, sem qualquer restrição, homens e mulheres, crianças de colo e idosos, das mais diferentes origens e profissões, participam do evento. É de se notar que Nossa Senhora Aparecida, assim como São Benedito, tão fervorosamente cultuados nessa região, são negros.

Nesta nossa Exposição, além da participação dos expositores, também registramos e agradecemos a presença de todos que, mesmo sem trazer cães, nos deram a honra de seu comparecimento. Sentimo-nos prestigiados por receber os amigos criadores e aficionados do Fila Brasileiro, especialmente os que vieram de longe. Algumas pessoas chegaram a sugerir que o CAFIB voltasse a instituir o trofeu “Fileiro da Estrada”, a ser entregue ao expositor que tivesse percorrido a maior distância para participar da Exposição. Destacamos a presença de Marcos Melo, que rodou mais de 700 km, vindo de Governador Valadares (MG); de Fernando Durão, que cumpriu um percurso de mais de 900 km para vir de Linhares (ES); de Benjamin Möck e Benjamin Schierle, que criam Fila Brasileiro em Campo Grande (MS), a mais de 1.100 km de Guaratinguetá. E, se hovesse um trofeu “Fileiro dos Ares”, ele seria entregue aos outros representantes das famílias Möck e Schierle – Daniel Schierle, Sonia Schierle, Debora Gimenez Möck, Thiago Schierle e Samuel Möck –, que voaram da Alemanha ao Brasil para ver de perto nossos Filas. Esse grupo alugou uma casa em Guaratinguetá para se hospedar durante a Exposição.

Também ficamos sensibilizados com a sempre infalível presença de Marisa e Shoji (Jorge) Hino, tradicionais e premiados criadores de Guarulhos, na Grande São Paulo, acompanhados por sua filha Beth, que, recentemente, passou a integrar o quadro de juízes do CAFIB. Esse simpático casal, que começou a participar assiduamente de nossas exposições em 1984, é titular do consagrado Canil Hisama, palavra formada pela junção das primeiras sílabas do nome japonês de seus três filhos: HI, de Hideki (conhecido como Renato), SA, de Sayuri (conhecida como Beth) e MA, de Mayumi (conhecida como Kátia). A família Hino, que, há décadas, continua a comparecer em nossos eventos com disciplina nipônica, fez brilhante carreira nas pistas, conquistando diversos Campeonatos Brasileiros, entre eles o de Criador do ano de 1987,  com exemplares de sua criação ou adquiridos de outros canis. Além disso, vários cães com o afixo Hisama, pertencentes a outros proprietários, também ganharam diversas Exposições do CAFIB e produziram filhos também premiados.

Para encerrar, vale registrar uma curiosidade que não envolve o Fila Brasileiro mas está relacionada com nosso Clube. É que existem no mundo outras entidades que, por coincidência, também se chamam CAFIB e publicam suas circulares e comunicados na Internet, mas sem qualquer vínculo conosco. Uma delas é o “CAFIB – Comité de Árbitros de Fútbol de les Illes Balears”. As Ilhas Baleares são uma Comunidade Autônoma da Espanha e sua capital é Palma de Maiorca. E nosso outro xará internacional é o “CAFIB – Capital Adequacy Framework for Islamic Banks”, na Malásia, país com uma das maiores biodiversidades do mundo.

Nosso próximo evento será a 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB  no Chile, marcado para 15 de abril. Na mística cidade de Ovalle, capital da província de Limarí, localizada na região de Coquimbo, os Filas serão avaliados por nosso juiz Giovani Éder Florêncio de Carvalho.

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