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100ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro e 30ª Exposição do Fila Brasileiro de Guaratinguetá

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Pequeno Resumo de uma Grande História

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O CAFIB – Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro, desde sua fundação, em 1978, já avaliou milhares de cães em mais de 400 Análises de Fenótipo e Temperamento seguidas de Exposições – muitas em âmbito nacional – em praticamente todos os estados brasileiros e em países da América do Norte e da Europa. Agora, fechando o ano de 2015 e coroando essa maratona para resgatar da extinção, selecionar e melhorar geneticamente a raça, no domingo, dia 29 de novembro, o CAFIB comemorou a 100ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro e 30ª Exposição do Fila Brasileiro de Guaratinguetá. A cidade não foi escolhida por acaso, mas em decorrência de uma meticulosa programação, iniciada há dois anos, por ter sido a que mais sediou exposições do CAFIB ao longo destes 37 anos de trabalho ininterrupto, além de contar com excelentes instalações: baias fechadas para os cães e enormes pavilhões cobertos constituindo ótima pista de julgamento, ao abrigo do sol forte e da chuva e, também, estacionamento sombreado para os automóveis dos expositores e visitantes. Outra vantagem da cidade é sua localização privilegiada, às margens da Rodovia Presidente Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro, além de próxima do Sul de Minas Gerais, berço do Fila Brasileiro.

O histórico município paulista de Guaratinguetá, o mais antigo do Vale do Paraíba – cuja povoação foi iniciada em 1600 –, deve seu nome à grande quantidade de garças ali existentes, pois etimologicamente seu nome, na língua Tupi, significa “muitos pássaros brancos” (de: gûyrá – pássaro, tinga – branco e etá – muitos). Ao longo de sua existência, a cidade recebeu diversos apelidos, como “Garça do Vale”, “Capital do Fundo do Vale”, “Atenas do Vale do Paraíba” e “Capital Mariana da Fé”. E essa região foi cenário de uma das histórias mais tradicionais do catolicismo brasileiro.

Os relatos contam que, em 1717, a população da Villa de Guaratinguetá resolveu promover uma comemoração em homenagem à visita da comitiva de Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar e governador da enorme Capitania de São Paulo e Minas de Ouro (que incluia os atuais estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso). Para abastecer o cardápio da festa, os pescadores da vila embarcaram em suas canoas e seguiram pelo Rio Paraíba do Sul para lançar suas redes, mas, como não estavam na temporada de pesca, eles, antes, dirigiram suas orações a Deus e à Virgem Maria. Depois de terem recolhido suas redes várias vezes das águas, sem apanhar um peixe sequer, um deles, já quase desistindo da pescaria, fez uma última tentativa e trouxe nas malhas uma imagem do corpo de Nossa Senhora, mas sem a cabeça. Ao jogar a rede novamente, “pescou” a cabeça faltante, escura, encardida de lodo e, a partir daí, os ribeirinhos apanharam tal volume de peixes que o peso da coleta ameaçava afundar as canoas. Ao longo dos anos seguintes, a santa “aparecida” nas águas foi mantida na casa de um desses pescadores, local tornado foco da peregrinação de muitos fiéis da região e de onde a fama dos milagres ali realizados foi se espalhando para todo o Brasil. Vale lembrar que essa “Madona Negra” – símbolo da mistura racial que compõe a população brasileira – surgiu na época do auge da escravidão no Brasil.

Com o aumento do número de visitantes a imagem foi transferida para um oratório e, depois, para uma capela que, segundo alguns relatos, foi visitada até pelo então Príncipe Regente do Brasil, Dom Pedro I. Aliás, a enorme repercussão dos milagres de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tirou de São Pedro de Alcântara o título de “Padroeiro do Brasil”, outorgado pelo Papa Leão XII a pedido do imperador, xará do santo. Já a santa, coroada em nome do Papa Pio X, por decreto da Santa Sé em 1904, foi proclamada “Rainha do Brasil” em 1930, por decreto do Papa Pio XI. No ano seguinte, o então Presidente da República, Getúlio Vargas, a declarou oficialmente “Padroeira do Brasil”.

Voltando ao século XIX, a quantidade de peregrinos foi aumentando tanto que se tornou necessária a construção de uma igreja grande, a hoje chamada “Basílica Velha”, inaugurada em 1888 e visitada duas vezes pela Princesa Isabel, que levou a Nossa Senhora Aparecida um manto bordado e uma coroa de ouro, adornados com pedras preciosas. Em 1928, a vila constituída ao redor da igreja emancipou-se de Guaratinguetá e passou a constituir o município de Aparecida. Já na segunda metade do século XX, o número crescente de fiéis levou à construção da Nova Basílica de Nossa Senhora Aparecida, um gigantesco edifício em forma de cruz grega, projetado pelo arquiteto Benedito Calixto, capaz de abrigar 45 mil pessoas, tendo, ao lado, um estacionamento para 4 mil ônibus e 6 mil automóveis, e que recebe mais de 12 milhões de romeiros por ano. Esses fiéis chegam dos mais diversos locais de origem, ao maior centro de peregrinação religiosa da América Latina, percorrendo grandes distâncias a pé, a cavalo, de bicicleta, ônibus, trem e automóvel.

Em 1980, ainda em construção, a Basílica foi consagrada pelo Papa João Paulo II, mesmo ano em que a República Federativa do Brasil decretou feriado nacional o dia 12 de Outubro, oficialmente dedicado à devoção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, data em que a esse local costumam acorrer mais de 160 mil fiéis. E o Santuário já recebeu duas vezes a “Rosa de Ouro”, uma das mais antigas condecorações papais, outorgada por Paulo VI, em 1967, e por Bento XVI, em 2007, além de ter sido também visitado pelo Papa Francisco, em 2013. E ainda no âmbito religioso, vale destacar que, em 1739, nasceu, em Guaratinguetá, o primeiro santo católico brasileiro, Frei Galvão, canonizado em 2007. No aspecto cultural, são destaques da cidade na segunda metade do século XIX o lançamento do jornal “O Mosaico”, o primeiro do Vale do Paraíba, e a inauguração do Teatro Carlos Gomes, atual sede da Prefeitura. A partir dos anos 1950, o crescimento de sua atividade industrial e econômica ganhou impulso com a criação da Escola de Especialistas em Aeronáutica – um dos mais importantes centros de aviação do Brasil – e a abertura da Rodovia Presidente Dutra – que tem como marco arquitetônico o Hotel Clube dos 500, projeto desenvolvido por Oscar Niemeyer e plano urbanístico de Prestes Maia, além de ostentar em seu restaurante um grande afresco de Di Cavalcanti.

Guaratinguetá – cidade que hoje comporta o maior complexo químico da América Latina, a BASF, e que já foi um dos principais municípios produtores de café e de açúcar e, depois, de leite do Brasil, além de sua importante participação no ciclo do ouro em Minas Gerais –, em conjunto com suas vizinhas Aparecida e Cachoeira Paulista, para ampliar seu setor turístico religioso, desenvolveu, em parceria com o SEBRAE, o pacote chamado Circuito da Fé, com visitas a pontos turísticos dessas três cidades. Além disso, Guaratinguetá, terra do primeiro santo católico brasileiro e berço da Padroeira do Brasil, também tem se destacado pelo culto à primeira raça canina nacional a ser reconhecida oficialmente em âmbito mundial: o Fila Brasileiro.

Nesta comemoração pela 100ª Exposição Nacional do CAFIB, é importante fazer uma retrospectiva, rememorando o início do nosso trabalho quando, entre 1978 e 1982, a raça Fila Brasileiro liderava o número de registros emitidos pelo BKC-FCI, chegando a ultrapassar a marca dos 8.000 pedigrees por ano. Esse sucesso deslumbrava os comerciantes de filhotes, que não se preocupavam com o melhoramento genético da raça, mas com a produção em massa de “filas” de conformações variadas e colorações exóticas de pelagens, como se fossem diversos “modelos” para agradar os diferentes gostos pessoais do grande mercado consumidor. Eles eram produzidos a partir de cruzamentos, principalmente com o Mastiff, o Mastino Napoletano e o Dogue Alemão, mas registrados com genealogias mentirosas como se fossem puros exemplares da raça Fila Brasileiro. O BKC fechava os olhos para a fraude e agia como um cartório, recolhendo avidamente o farto pagamento das taxas decorrentes da emissão daqueles milhares de pedigrees. Mas a escandalosa heterogeneidade de tipos apresentada nas exposições – quando exemplares de diferentes, tamanhos, conformações, cores e tipos de pelagens eram inscritos como pertencentes a uma única raça – começou a surpreender os juízes estrangeiros, convidados para julgar em São Paulo e no Rio de Janeiro, que chegavam curiosos para conhecer de perto o Fila Brasileiro. Temendo que os comentários internacionais sobre a falta de homogeneidade da raça acabassem por levar à cassação de seu reconhecimento pela FCI – Federação Cinológica Internacional, foi criada a CAFIB – Comissão de Aprimoramento do Fila Brasileiro, para disciplinar o caos. Essa iniciativa resultou de uma mesa-redonda na sede do jornal “O Estado de São Paulo”, convocada pelo jornalista Antônio Carvalho Mendes, redator da coluna “Cinofilia” e que contou com a presença de diversos criadores, além do então Presidente da CBKC – Confederação Brasil Kennel Clube (sucessora do antigo BKC), Coronel Ayrton Schaeffer. Mas, contrariando a mentalidade cinófila oficial, os integrantes da Comissão, desde o início, passaram a trabalhar com absoluta seriedade e implacável rigor, capitaneados pelo advogado Paulo Santos Cruz, juiz “all rounder” da CBKC e considerado o “Pai da Raça Fila Brasileiro”. A volta desse grande cinófilo à ativa, depois de um período de afastamento, se deve, principalmente, à insistência do carioca Francisco Peltier de Queiroz, indignado com a mestiçagem e a falsificação de pedigrees na raça Fila Brasileiro. Em reconhecimento a seu trabalho incansável, homenageamos Chico Peltier com o título de “Pai do CAFIB”.

Sob a direção do jornalista Luiz Antônio Maciel, a CAFIB começou, em 1978, a publicar seu boletim mensal “O Fila”, contendo notícias, entrevistas, regulamentos, calendários e resultados de exposições, aulas sobre a anatomia do cão, a galeria dos melhores exemplares e artigos técnicos sobre a raça. Foram instituídas as Análises de Fenótipo e Temperamento com objetivo de avaliar, com seriedade, as qualidades e defeitos do plantel existente, e, em decorrência dessa avaliação, aprovar ou reprovar os exemplares analisados, além de programar acasalamentos. Como o número de mestiços era enorme, o índice de reprovados também era muito alto; e essa inflexibilidade adotada pela CAFIB foi gerando atritos e a comissão acabou proclamando sua independência em 1979. Os juízes Paulo Santos Cruz, Airton Campbell, Américo Cardoso dos Santos Jr., Marília Maruyama e Roberto Maruyama foram expulsos do Quadro de Árbitros do Brasil Kennel Clube, que ainda outorgou a Francisco Peltier de Queiroz o curioso título de “persona non grata”. Ao romper os vínculos com o BKC a Comissão foi transformada no CAFIB – Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro que, sob a orientação do experiente cinófilo Paulo Santos Cruz, redigiu seus Estatutos, o novo Padrão da Raça e seus Regulamentos de Criação e de Exposição, além de reabrir o Registro Inicial – R.I. É importante ressaltar o forte apoio, ao longo daqueles anos, proporcionado pelo jornalista Antônio Carvalho Mendes em sua tradicional coluna “Cinofilia”, publicada semanalmente pelo jornal “O Estado de São Paulo”. Também é digno de lembrança o enaltecimento do trabalho da CAFIB (ainda Comissão), em 1978, quando recebemos o apoio de um importante aliado na luta contra a mestiçagem e a falsificação de pedigrees: o Club Für Molosser e. V., da Alemanha, por intermédio de seu diretor e chefe dos juízes de Fila Brasileiro, Christofer Habig, que nos escreveu manifestando sua solidariedade e posicionando-se francamente favorável à reabertura do R.I., medida já aprovada pela entidade alemã para melhoramento de seu plantel. Em 1979, o então jovem e promissor artista plástico, arquiteto, publicitário e “designer” de marcas Newton Mesquita, baseado no Padrão Visual do Fila Brasileiro, desenhado por Marilda Mallet sob orientação de Paulo Santos Cruz, criou o símbolo oficial que o CAFIB ostenta há quase quarenta anos: a silhueta de corpo inteiro de um Fila Brasileiro puro, de perfil, inserida em um retângulo de cor chapada.

No início daquele trabalho ainda não promovíamos Exposições e realizávamos apenas as Análises de Fenótipo e Temperamento, mas, para incentivar os criadores e proprietários, passamos a premiar com troféus o Melhor Macho e a Melhor Fêmea da Análise nas diversas regiões visitadas. Em 26 de agosto de 1979, realizamos uma grande Análise de Fenótipo e Temperamento, como sempre, aberta para cães com e sem pedigree, reunindo animais vindos de diversos pontos do Brasil, na Avenida Eliseu de Almeida, 765, na capital paulista. O evento foi um sucesso, com a participação de 113 exemplares. Ainda naquele ano, Francisco Peltier de Queiroz abre a primeira seção do CAFIB no Rio de Janeiro e o Clube Mineiro de Criadores de Fila Brasileiro, indignado com a situação oficial da raça, também se desliga da CBKC.

Em 8 de junho de 1980, promovemos nossa primeira Exposição Nacional da Raça Fila Brasileiro, com inscrições abertas para todos os exemplares aprovados nas diversas Análises de Fenótipo e Temperamento, inclusive a realizada naquele mesmo dia e local: o Parque Fernando Costa, conhecido como Parque da Água Branca, na capital paulista, com o julgamento a cargo de Paulo Santos Cruz. O Melhor Macho, Forasteiro da Fazenda Poço Vermelho, e a Melhor Fêmea, Iurá da Restinga Verde, levaram, respectivamente, os troféus “O Estado de São Paulo” e “Jornal da Tarde”. Em 28 de abril de 1980, o Diário Oficial da União publicou o despacho do Ministério da Agricultura, com a decisão do ministro interino Higino Antônio Baptiston, que torna o CAFIB a única entidade responsável pelo registro do Fila Brasileiro em todo o território nacional. Pouco mais de um mês depois, o Presidente João Baptista Figueiredo, atendendo ao Ministro da Agricultura, Ângelo Amaury Stabile, sancionou o decreto que retirava a criação de cães do âmbito do Ministério da Agricultura, sob a alegação que a espécie canina não tinha interesse econômico (embora o Brasil contasse com 11 milhões de cães e os números do setor, envolvendo principalmente a fabricação de rações e o movimento dos “pet-shops” já fosse astronômico). Mas sabe-se que a curiosa decisão foi tomada depois de uma conversa entre o então Vice-Presidente do BKC, José Maurício Machline (filho do Presidente do Grupo Sharp), e o Ministro Amaury Stabile (por coincidência, ex-Vice-Presidente da Sharp).

Em 1981, a revista alemã “Molosser Magazin” e a “Koiramme”, órgão oficial do Kennel Club Finlandês, publicaram artigos criticando a mestiçagem descontrolada do Fila Brasileiro no Brasil e apoiando o trabalho do CAFIB. No ano seguinte, o Club Für Molosser e o Kennel Clube da Alemanha Ocidental (VDH) rejeitaram o pedido feito pelo Presidente do Brasil Kennel Clube, Eugênio Henrique Pereira de Lucena, para que aquelas duas entidades não reconhecessem os pedigrees emitidos pelo CAFIB. Walt Weisse, Presidente do Clube dos Molossos declarou que o CAFIB criava os melhores Filas do Brasil e que as genealogias constantes de seus Registros de Origem eram mais puras e aprimoradas do que as constantes dos pedigrees do BKC. Em outubro daquele ano, o advogado tributarista e professor de Direito em São Paulo (SP) e Recife (PE) Dr. José Souto Maior Borges, fundador e presidente do CAFIB Recife, começou a publicar o periódico “O Fibra – Boletim do CAFIB Recife”, que chegou a seu 27º número em 1985.

Em 1982, a diretoria do jornal “O Estado de São Paulo” e o jornalista Antônio Carvalho Mendes receberam um grupo de diretores do CAFIB Brasil, CAFIB Bahia, CAFIB Recife, CAFIB Baixada Santista e CAFIB Campinas, para um debate informal sobre a situação da raça Fila Brasileiro e a cinofilia em geral, além de um balanço das conquistas e atividades do Clube. Naquele mesmo ano, o CAFIB passou a avaliar o desempenho dos canis a partir da soma de pontos dos exemplares provenientes de cada criador presentes nas exposições ao longo do ano, prática que deu origem ao Troféu Criador do Ano. Em 1982, o “Melhor Criador” foi o Canil Fazenda Malota, de Bernadete Soares de Oliveira (Jundiaí, SP), enquanto o segundo colocado foi o Canil Serra Dourada, de Luciano José de Almeida Gavião (na época, em Campinas, SP). Em 1983, Christofer Habig viajou da Alemanha para o Brasil com objetivo de acompanhar de perto o trabalho do CAFIB e assistir a uma Análise de Fenótipo e Temperamento seguida por uma Exposição. Naquele mesmo ano, o médico veterinário Vicente Costa, um dos mais tradicionais juízes “all rounders” do BKC, inconformado com a falsificação dos pedigrees e a falta de disciplina na criação dita oficial do Fila Brasileiro, pediu desligamento do quadro de árbitros da chamada “entidade mater” da cinofilia brasileira e uniu-se ao CAFIB. Aquele ex-juiz do Santos Kennel Clube, estreou nas nossas pistas ao julgar a 8ª Exposição da Raça Fila Brasileiro, promovida no Liceu Pasteur, na capital paulista.

Em 1984, em comemoração à primeira exportação de um Fila Brasileiro para a Alemanha, o advogado Paulo Santos Cruz, então Presidente do CAFIB Brasil, acompanhado pelo engenheiro Antônio Silva Lima, também juiz do CAFIB, viaja para a região de Frankfurt. Ali ele conduziu uma palestra, seguida por debates, ao longo de mais de oito horas, sobre anatomia do Fila Brasileiro, genética e os problemas decorrentes da mestiçagem na raça.

Naquela década de 1980, quando o Fila Brasileiro era a raça mais numerosa do País, o CAFIB chegou a realizar 17 exposições por ano. Depois, principalmente em virtude do descrédito decorrente da mestiçagem e da consequente perda do temperamento característico, a popularidade da raça entrou em franco declínio, muitos criadores passaram a preferir o Rottweiler e na virada do século o número de Filas já estava drasticamente reduzido. Diante desse quadro, a Diretoria do CAFIB, ao planejar seu calendário para 2014 e 2015, estipulou a realização de 5 Exposições anuais, das quais 3 Nacionais: as de abertura e de encerramento do ano, além de mais uma, intercalada. Nessas Exposições Nacionais, a pontuação dos cães durante o julgamento tem valor mais alto para a contagem dos Campeonatos anuais e elas, tradicionalmente, vêm sendo realizadas em rodízio pelas cidades que as promovem.

Para a divulgação desta 100ª Exposição Nacional, foi criado um logotipo veiculado no site e no facebook do CAFIB, em cartazes, folders, revistas, convites, camisetas, taças e troféus. Durante o evento, na premiação das diversas categorias, os expositores receberam estatuetas com a figura de um Fila Brasileiro, moldadas por nossa Diretora de Divulgação, Cíntia Junqueira de Barros, com auxílio do criador Giovani Éder Carvalho.

Na véspera da Exposição, sábado, 28 de novembro, Jonas Tadeu Iacovantuono coordenou as gravações de depoimentos para a TV CAFIB, iniciada por Américo Cardoso dos Santos Jr. e Francisco Peltier de Queiroz e concluída por Luciano José de Almeida Gavião e Ivan Rousseff.

Nos discursos de abertura, feitos pelos juízes do CAFIB Luciano Gavião (Presidente do CAFIB Brasil) e Jonas Iacovantuono (do CAFIB Guaratinguetá), foram homenageados o juiz, criador, diretor do CAFIB, fundador e presidente do CAFIB Recife, editor do jornal "O FIBRA", advogado e professor Dr. José Souto Maior Borges e o jornalista, criador, handler e autor do excelente livro “Fila Brasileiro – Um presente das estrelas”, Paulo Roberto Godinho. A esses dois importantes homenageados, ambos ausentes por motivos de saúde, foram enviadas estatuetas do Fila Brasileiro.

Uma inovação interessante nesta Exposição foi o julgamento efetuado por oito juízes do Quadro de Árbitos do CAFIB – que conta com 24 membros no Brasil e dois no exterior: Jaime Pérez Marhuenda, na Espanha, e Beth Cepil, nos Estados Unidos. Dos oito que atuaram nesta 100ª Nacional, faziam parte alguns dos mais antigos, como Airton Campbell e Américo Cardoso dos Santos Jr., e dos mais novos, como Francisco Peltier de Queiroz e Paulo Augusto Monteiro de Moura, acompanhados pelo atual presidente Luciano Gavião, Jonas Tadeu Iacovantuano, Pedro Carlos Borotti e Mariana Campbell.

Outra novidade foi a instituição do Troféu Cafibra, criado por Chico Peltier, com o nome de seu antigo canil, para premiar o Melhor Tigrado da Exposição em duas categorias: com menos de 1 ano e com mais de 1 ano de idade. O objetivo é estimular a criação de Filas com essa coloração de pelagem, hoje bastante rara nas pistas.

E a terceira inovação foi a forma de escolher o Melhor Temperamento da Exposição. Os sete Filas pré-selecionados para esta prova foram novamente submetidos a um teste, realizado por dois cobaias: o adestrador Kristian Carlos Silva e o criador Carlos Augusto Mansur, do Canil do Carlão, em Monte Mor (SP). Essa avaliação foi feita por apenas sete juízes, porque o oitavo, Pedro Borotti, estava com seu cão na disputa. E os avaliadores, individualmente, anotaram em sua prancheta a nota (de 1 a 10) para cada um dos concorrentes. Ao término da prova, as folhas foram recolhidas pela Secretaria para a soma das notas e, pela primeira vez, os próprios juízes ficaram na expectativa para saber quem seria o vencedor. A diferença de pontuação foi pequena e o prêmio foi conquistado por Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires, do Canil Palmares (Jacareí, SP).

Esse evento de encerramento das atividades do CAFIB em 2015, como de costume, foi precedido por uma Análise de Fenótipo e Temperamento à qual compareceram 11 cães, sendo 10 aprovados e um reprovado por reação desqualificante no teste de temperamento. Já a Exposição contou com 56 exemplares, provenientes de 17 cidades, dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. E os vencedores das diversas classes foram:

FILHOTES INCENTIVO MACHOS – Juiz: Luciano José de Almeida Gavião
1º) Togo do Aiuruoca, de Fausto Roger de Frias – Canil Aiuruoca (Airuoca, MG)

FILHOTES INCENTIVO FÊMEAS – Juiz: Luciano José de Almeida Gavião
1º) Bailarina do Boca Negra, de Felipe Medeiros – Canil Boca Negra (Cruzeiro, SP)

ADULTOS MACHOS – Juiz: Jonas Tadeu Iacovantuono
1º) Galã do Embaré, de Pedro Carlos Borotti – Canil Embaré (Porto Ferreira, SP)

ADULTOS FÊMEAS – Juiz: Airton Campbell
1º) Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires – Canil Palmares (Jacareí, SP)

JOVENS MACHOS – Juiz: Américo Cardoso dos Santos Jr.
1º) Logan do Embaré, de Pedro Carlos Borotti – Canil Embaré (Porto Ferreira, SP)

JOVENS FÊMEAS – Juiz: Pedro Carlos Borotti
1º) Bela do Itanhandu, de Cíntia e Gerson Junqueira de Barros – Canil Itanhandu (Itanhandu, MG)

NOVOS MACHOS – Juiz: Américo Cardoso dos Santos Jr.
1º) Nero do Embaré, de Pedro Carlos Borotti – Canil Embaré (Porto Ferreira, SP)

NOVOS FÊMEAS – Juiz: Pedro Carlos Borotti
1º) Jóia Guardiães do Caracu, de Cristiano Gonçalves Vieira – Canil Instinto Atravessado (São Bernardo do Campo, SP)

FILHOTES MACHOS – Juiz: Paulo Augusto Monteiro de Moura
1º) Pacari do Itanhandu, de Cíntia e Gerson Junqueira de Barros – Canil Itanhandu (Itanhandu, MG)

FILHOTES FÊMEAS – Juiz: Paulo Augusto Monteiro de Moura
1º) Aija Guardiões da Praia, de Waidson Bolpetti (São Paulo, SP)

TIGRADOS – Juízes: Mariana Campbell e Francisco Peltier de Queiroz
Menos de 1 ano 1º) Alcapone do Boca Negra, de Cíntia e Gerson Junqueira de Barros – Canil Itanhandu (Itanhandu, MG). Mais de 1 ano 1º) Marabá III da Santa Luzia, de Newton Filizola – Canil Itaipu (São Carlos, SP)

MELHOR MACHO DA EXPOSIÇÃO – Juiz: Jonas Tadeu Iacovantuono
Galã do Embaré, de Pedro Carlos Borotti – Canil Embaré (Porto Ferreira, SP)

MELHOR FÊMEA DA EXPOSIÇÃO – Juiz: Airton Campbell
Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires – Canil Palmares (Jacareí, SP)

MELHOR CABEÇA DA EXPOSIÇÃO – Juiz: Américo Cardoso dos Santos Jr.
Marabá III da Santa Luzia, de Newton Filizola – Canil Itaipu (São Carlos, SP)

MELHOR TEMPERAMENTO DA EXPOSIÇÃO – 7 juízes
1º) Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires – Canil Palmares (Jacareí, SP)

Os troféus das Exposições de Guaratinguetá, tradicionalmente, recebem o nome do saudoso criador, dirigente e juíz do CAFIB Sebastião Pereira Monteiro Jr. E, neste ano, como de costume, fomos honrados com a presença de seus dois filhos, Domingos e Emílio, que, emocionados, fizeram a entrega dos prêmios aos vencedores.

Na Exposição que encerra o calendário anual do CAFIB são somados os pontos obtidos ao longo do período e feita a entrega dos troféus do Campeonato Brasileiro aos cães, criadores e expositores que mais se destacaram em 2015:

CRIADOR DO ANO
Canil Itanhandu (Itanhandu, MG)

EXPOSITOR DO ANO
Cíntia e Gerson Junqueira de Barros

CAMPEÃO BRASILEIRO
Cipó do Itanhandu, de Cíntia e Gerson Junqueira de Barros –
Canil Itanhandu (Itanhandu, MG)

CAMPEÃ BRASILEIRA
Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires – Canil Palmares (Jacareí, SP)

TEMPERAMENTO DO ANO
Baiúca do Balacobaco, de Flávio Pires – Canil Palmares (Jacareí, SP)

REPRODUTOR DO ANO
Umiri do Itanhandu, de Cíntia e Gerson Junqueira de Barros –
Canil Itanhandu (Itanhandu, MG)

REPRODUTORA DO ANO
Xuxa do Itanhandu, de Cíntia e Gerson Junqueira de Barros –
Canil Itanhandu (Itanhandu, MG)

Neste registro, é preciso relacionar os nomes de todos os que, de alguma forma, contribuíram para a realização e o sucesso deste grande evento que encerrou o Calendário 2015:

ORGANIZADORES: Jonas Tadeu Iacovantuono, Cíntia e Gerson Junqueira de Barros, Giovani Éder Carvalho, Fabiano Nunes, Nelson Fernandes e Benedito José de Lima Neto

JUÍZES: Airton Campbell, Américo Cardoso dos Santos Jr., Francisco Peltier de Queiroz, Jonas Tadeu Iacovantuono, Luciano José de Almeida Gavião, Mariana Campbell, Paulo Augusto Monteiro de Moura e Pedro Carlos Borotti

AUXILIARES DE PISTA: Giovani Éder Carvalho, Fabiano Nunes, Marcus Flávio Villasboas Moreira e Benedito José de Lima Neto

VETERINÁRIA RESPONSÁVEL: Elisiane Borotti

SECRETÁRIA: Mariana Campbell

AUXILIARES DA SECRETARIA: Bete Saiury Hino, Brenda Augusta Alves França Queiroz e Elisiane Borotti

FOTÓGRAFA DAS ANÁLISES: Bruna Frias

FOTOGRAFIAS E FILMAGENS DO EVENTO: Cíntia Junqueira de Barros

FIGURANTES: Kristian Carlos Silva e Carlos Augusto Mansur

Também é importante ressaltar os agradecimentos do CAFIB à Prefeitura Municipal de Guaratinguetá, especialmente à Secretaria de Turismo, à equipe de manutenção do Parque, à Lanchonete do Dito Pelé e Dona Henriqueta, à Clinicão Veterinária, à Ita Jóias, à Cachaça Artesanal Guapiara e ao Batalhão de Ações Especiais de São José dos Campos, que enviou viatura tática a pedido do Capitão Rodrigo dos Santos Iacovantuono.

No encerramento do evento foi sorteado um notebook entre os expositores e o vencedor foi Pedro Borotti, do Canil Embaré (Porto Ferreira, SP). Os resultados completos da 100ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro e 30ª Exposição do Fila Brasileiro de Guaratinguetá serão brevemente publicados no site do CAFIB.

Neste relatório sobre o fechamento das atividades do CAFIB em 2015, infelizmente não podemos deixar de registrar o afastamento de alguns diretores e criadores, comandados por Fernando Zanetti Coeli e Carlos do Amaral Cintra Filho, o Caíco, ambos ex-presidentes do Clube. Por razões que não sabemos avaliar, eles fundaram uma nova entidade que, aparentemente, também teria como objetivo o melhoramento genético do Fila Brasileiro, missão que o CAFIB vem cumprindo com muita eficiência e reconhecimento internacional há quase 40 anos. A recém-criada AMFIBRA – Associação Mundial de Criadores de Cães da Raça Fila Brasileiro, na verdade, foi constituída com a finalidade específica de destruir o CAFIB e ocupar seu lugar. Mas nós, desde a fundação, em 1978, estamos muito acostumados com ataques violentos e campanhas difamatórias, das quais sempre temos saído cada vez mais fortes. Esses antigos diretores, além de se apoderar ilegalmente de diversos bens e ativos do clube, que estavam em seu poder (site, programa de registro de origem e mais de 5000 análises, resultados de exposições e dos campeonatos anuais, fotografias, impressos, documentos, arquivos, coleções do boletim “O Fila” etc.), têm procurado aliciar novos comparsas para combater o CAFIB e não se envergonham de divulgar mentiras. Como se não bastasse, descaradamente, apoderaram-se até do histórico do CAFIB e dos números de nossas exposições. Os tradicionais criadores de Fila Brasileiro, Marisa e Shoji (“Jorge”) Hino, do Canil Hisama, que têm comparecido assiduamente a nossos eventos, recusaram o convite para serem homenageados, com uma placa, pela AMFIBRA. Eles se declararam muito tristes e escandalizados com a traição dos antigos companheiros de tantos anos e disseram pretender fazer uma visita ao Canil Amparo para pedir a devolução do material surrupiado. E outro antigo parceiro do CAFIB que eles não estão conseguindo aliciar é o espanhol Jaime Pérez Marhuenda, integrante do nosso quadro de juízes e fundador e Presidente do CAFIBE – Club de Amigos del Fila Brasileiro en España. A AMFIBRA, ainda que recém-criada, vinha divulgando material publicitário sobre sua 16ª (?!?!) Exposição de Goiás, a ser julgada por Jaime Pérez, da Espanha. O juiz espanhol, diante da situação entre aquela entidade e o CAFIB, recusou-se a julgar a mostra.

Como sempre, seguimos em frente, fechando 2015 com chave de ouro e desejando a todos um Feliz 2016.

CAFIB - Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro
desde 1978

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